• Helena Ranaldi: Pela 1ª vez interpretando uma personagem que causa revoltante inquietação no público ______________________________________
A voz baixa e o comportamento contido de Helena Ranaldi estão sempre refletidos em seus personagens. Mesmo os mais sensuais, como a determinada veterinária Cíntia, de Laços de Família, seu primeiro papel de destaque na TV. Com gestos delicados e modos de quem foi educada no exterior, a paulistana de 41 anos consegue permanecer elegante até mesmo com uma personagem que está irracionalmente dominada pelo desejo.
Na pele da fogosa Dedina, a primeira-dama da pequena e fictícia Triunfo, de A Favorita, Helena saboreia pela primeira vez um papel que causa uma revoltante inquietação no público. Sempre escalada para mulheres sofisticadas e confiáveis - como a Raquel de Mulheres Apaixonadas, que está sendo reprisada - , na trama de João Emanuel Carneiro, Helena se delicia com os gestos safados e cada vez mais ousados da mulher do prefeito Elias, de Leonardo Medeiros.
Como não bastasse trair o marido com seu amigo Damião, de Malvino Salvador, ela chega a transar no próprio gabinete da prefeitura. "Ela só age por impulso. Quando começou a se interessar por ele, fez de tudo para concretizar o desejo com o marido, mas ele estava sempre trabalhando. Então ela não resistiu", justifica Helena, delineando um sorriso.
O prazer é o que movimenta a sua personagem Dedina, que trai o marido Elias com o Damião. Que características você trabalhou no papel para viver esse triângulo? Já havia assistido a diversos filmes que tratam desse tema. Sempre é uma situação delicada. Principalmente no caso de uma mulher que não quer viver aquilo. Eu a construí pelo desejo, que monitora a personagem. Ele é mais forte do que ela. Essa atração física, de pele, manda nela. Não sei o que pode acontecer, se ela vai se apaixonar, amar esse cara. Sei que ela também tem um amor muito grande pelo marido. Ela está traindo o Elias, mas sofre, se sente culpada. Não é uma relação confortável para ela. Mas o desejo faz com que ela tome essas atitudes e ela passa por cima da moral.
Como você avalia a personagem? No início estava previsto para ela também ser uma mulher bem ambiciosa.Imaginei que a ambição dela seria bem maior. Se fosse assim, ela não estaria tendo um caso com um homem bronco que mora num barraco. Também não aceitaria morar numa casa sem empregados. Nada é muito problemático para ela. É uma mulher que veio de São Paulo, estudou, é formada, mas não tem uma ambição fora do normal, além dos padrões. A única coisa que foge ao seu controle é a atração pelo Damião. Mas ela só começou a ceder ao que ela sente pelo Damião quando o marido não ficava com ela.
Isso ameniza a traição da personagem? Não que amenize. Se eu for analisar o comportamento dela, acho que ela deveria compartilhar o que está acontecendo com o marido. Mas ela não revela por medo. No início, ela rejeitou o Damião de todas as formas, quis se afastar dele, mas a atração foi mais forte. O Damião tem características diferentes do Elias, que é um cara sensato, mais calmo, ponderado. O Damião acaba ficando com ela em todos os lugares, em casa, no gabinete, ele vai pelo impulso, não pela razão. Mas ela vai ainda mais pelo impulso. Tem cenas que ele até pede para ela parar e ir embora, mas ela não admite, o desejo é maior que tudo.
Como tem sido a reação do público? Tenho andado muito pouco nas ruas. Mas gravei semana passada no Retiro dos Artistas e várias senhoras e senhores vieram falar comigo: "você não pode fazer isso com seu marido!". (risos) Outro dia, o Thiago Rodrigues (que vive o Cassiano na história) falou: "ah, não gosto de mulheres como a Dedina". As pessoas ficam revoltadas. Não pela traição em si, mas por ela não falar, porque o marido é muito bacana. Eles têm uma relação legal. Não é um cara que merecia ser traído. O pior é que várias pessoas começam a saber e a falar mal dela na história. Mas não acho que ela faça isso por maldade.
Por que você nunca viveu uma vilã na TV? Porque ainda não me deram. Eu adoraria. O que estou achando bacana com a Dedina é que, pela primeira vez, as pessoas estão me criticando. Sempre me elogiavam porque vivia constantemente personagens carismáticos, bonzinhos, de bom-caráter, mulheres meigas. Todo mundo falava: "ah, gosto tanto de você" e "você é tão doce". Agora gostaria de ter o outro lado também. Queria que me reprovassem.
Além de boazinhas, você sempre fez papéis muito urbanos na TV. Esse perfil ainda a estimula? Sinto falta de fazer uma brejeira com pé no chão. A minha primeira personagem na TV era assim, a Stefânia (de A História de Ana Raio e Zé Trovão). Não sei porque, mas acho que as pessoas acreditam que eu sou sofisticada. Mesmo a Dedina, que é mais simples, é a primeira-dama da cidade.
Fonte: TV PressMarcadores: curiosidades, entrevistas
escrito às 13:57 - Link da notícia -
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